terça-feira, 26 de julho de 2016

Alquimia

As pessoas que choram são mais felizes.
Não porque elas choram de alegria,
E sim, porque elas não mantêm em si
Os sentimentos represados dentro do peito.

Estão-se felizes, elas choram,
Se estiverem tristes, choram,
Sentem dor, choram
Diluem o sentimento em água,
Apesar de continuarem sentindo.
Mas o transforma em fluxo harmonioso.

Mas as pessoas que choram...
Nunca saberão a dor que é não chorar
Não falo da lágrima que escorre do canto do olho...
Falo de chorar! Perder as forças chorando. Soluçar!

Essa dificuldade de chorar não afeta o sentir
Afeta o viver, o peso que carregam as que não choram
É o peso de uma vida, sentindo, sem por para fora.
O peito é uma represa, enchendo cada vez mais.

Se sentir é subjetivo. Chorar é material.
A alquimia está feita, transforma-se:
Alegrias, tristezas e dores em lagrimas.
E água esvai-se pelas comportas da face.

Ah, que inveja! Como eu queria...
Transformar tudo isso em alquimia.
Abrir as comportas e deixar vazar
Até o volume morto do peito.

Assim a vida seria mais leve,
Contudo não choro e o peso...
Cada vez mais insuportável...
Espero que as comportas se abram,
Antes que a represa se rompa e o estrago seja feito!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Notas do autor:

É uma pessoa completamente desastrada,
Esbarra nas pessoas e quebra as coisas.
Mas no fundo ela fica bem feliz com isso,
Pois até esbarra nas coisas, mas não quebra pessoas. 

É o tipo de pessoa que caminha descalça
Entre os cacos dos seus sentimentos
E vez ou outra, machuca o coração, mas não se calça
E limpa as lagrimas nas mangas da desilusão.

É uma pessoa que sonha, mas não um sonho seu
Ela sonha, um sonho libertador, no qual, todos podem:
Comer, dançar, cantar, amar, dormir
E também, ter o direito inalienável de sonhar.

Essa pessoa é uma boba.  Dificilmente guarda rancor!
Consegue se preocupar e querer bem  àquelas pessoas
Que lhe fizeram mal e que lhe desejaram mal.

Essa pessoa tem suas lembranças com páginas de livros
Ao sabor do vento, horas caem em páginas alegres
Em outros momentos em páginas tristes, ao acaso.
Mas para ela, as páginas sempre valem à pena serem relidas.

E por fim, essa pessoa escreve poemas,
Dizendo as coisas que sente e que pensa!
Nesse, por exemplo, diz coisas boas de si...
Até porque, as ruins, as pessoas falam por aí!

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Central

O paradoxo materializado no real,
Nada é tão desigual como o centro.
A miséria apresenta-se visceral,
E a riqueza aparece imponente.

Enquanto o chão serve de cama à pobreza
E o frio mata quem tem o firmamento como cobertor.
Apartamentos fechados servem ao capital,
O qual aumenta com a miséria e a dor dos excluídos.

O ar blasé da modernidade ignora o frágil, o dispensável.
O metal frio das construções com seus vidros espelhados
Reflete o movimento acelerado e insensível da vida urbana.

Enquanto isso, nós explorados, passamos apressados,
Pensando na sorte que temos, de não sermos aqueles
Que dormirão cobrindo-se com as estrelas das noites sem chuvas.  

Agora, será que sabemos a diferença entre eles e nós?
Existe? Ou não existe?  A diferença é Deus!
Mas não é o Deus Cristão! É o Deus da Modernidade!

Deus cínico e blasé!  Mas ele não é mais que nós!
Nós que nos dão na garganta ao ver a criança no sinal!
Afinal, a anestesia é desfeita! E como um bom cínico,
Contamos as moedas para pagar a bala!

Tudo volta à normalidade, sejamos nós pródigos ou avarentos!
Continuamos nós, a cruzar o centro, todo dia...
Esbarrando e tropeçando nas pessoas,
Mas nunca sendo realmente tocadas por elas. 

sábado, 9 de julho de 2016

Pra vida

Dois abraços;
Cinco porções de carinho;
Duas porções de cuidado;
Três litros de atenção;
Um quilo de preocupação;
Amor...

Quanto de amor?
Sem medida, por favor!
Ou melhor, quero tudo sem medida...
Aquilo que eu aguente carregar, ou melhor,
Quero até meu corpo transbordar...

Pode ser que encontre no caminho
Quem não tenha, quem já tenha perdido,
Quem tenha sido roubado ou vilipendiado.
Quero distribuir todos os itens da lista. 

O peso para carregar o amor,
A empatia e a reciprocidade pela estrada  
É muito mais leve que a superficialidade
De uma caminhada vazia.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Pronome, verbo e substantivo!

Verbos! Palavras que indicam:
Ação, estado, fenômeno, desejo.
Indica tempo, número e modo.
Verbos... Expressam tantas coisas...

Eu sorri! Eu perdi! Eu lutei.
Eu chorei, eu brinquei, eu caí.
Eu corri, eu venci, eu amei.
Eu saí, eu voltei, eu parti...

Entre as pessoas do verbo,
A que mais faz sentido para mim é o “nós”,
Não os “nós”, substantivo, que aperta a garganta,
Mas o “nós”, que ajuda a lhe dar com os nós da vida!

Com o nós, pronomes, tudo fica melhor e mais fácil!
Cair é ter a certeza, que não estarei sozinho para levantar.
Comemorar... Não comemorarei...  Comemoramos!
Brincamos, sorrimos, gritamos... E por que não, brigamos?

O Verbo... Faz a oração!  
E nela os sujeitos, os adjetivos, os pronomes e os substantivos!         
Substantivo e Adjetivo: Amiga e amigo! 
O verbo ser, observe, não estar! Mas ser!
Nós somos amigos! 
Pronome, verbo e substantivo! Oração!

Amigos são aquelas e aqueles, que, se falam todos os dias,
Amigos são aquelas e aqueles, que, não se falam todos os dias,
Amigos são aquelas e aqueles, que, se preocupam com o outro,
Amigos são aquelas e aqueles, que, são sinceros...
Que quando, queremos ouvir: “vai lá!”, “Você está certo!”,
Diz: “Para!”, “Está fazendo merda!”,“ Vou aí bater na sua cara!”
Ou ainda: “Para de ser bobo!” ou, “Você é muito ingênuo!”

Amigos: substantivo e adjetivo!
Podem ser de anos,De meses ou de vidas!
Mas amigos sempre são, nunca estão! 

terça-feira, 5 de julho de 2016

Morte em vida

A morte é sempre traumática,
Por mais que a pessoa esteja
Enferma e que a partida seja esperada,
A ausência provoca tristeza e dor...
Angústia por não estar com a pessoa querida...  

Porém existem situações piores,
A perda de alguém cheia de vida...
Que é levada de repente...

Sem aviso, sem preparo...
De uma hora para outra,
Abrupta, a pessoa se vai!

Mas, ainda sim, há uma forma pior de perder-se alguém.  
Quando a pessoa morre abrupta e inesperadamente.
Mas, continua viva! Bem ao seu lado. 

É o mesmo da morte inesperada!
É a morte... Violenta, estúpida e egoísta! 
Morte em vida! Mas as vezes a morte, é melhor que a vida! 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Soneto da Psicanálise

As pulsões e a libido que consome,
As regras e construções que cerceia,
A necessidade de viver a realidade,
A disputa entre o ID, do Superego e do Ego.

A pulsão e a libido, onde estão?
Pré-consciente, consciente ou inconsciente?
No nível, a cima ou abaixo do mar?   
Mas estava aí, em algum lugar!

Vinho. Despedaça-se o Superego!
Muda-se a razão, Ego!
Vence o instinto, Id!

De onde é que seja, surge! Não sei...
Mas vem Instintivo, avassalador e primitivo!
A vontade do prazer, até a satisfação da libido.  

Não culpe a mim, não culpe a si,
Não culpe a embriaguez de vinho.
Culpe a pulsão do Id ou a fragilidade do Ego.