sexta-feira, 15 de julho de 2016

Central

O paradoxo materializado no real,
Nada é tão desigual como o centro.
A miséria apresenta-se visceral,
E a riqueza aparece imponente.

Enquanto o chão serve de cama à pobreza
E o frio mata quem tem o firmamento como cobertor.
Apartamentos fechados servem ao capital,
O qual aumenta com a miséria e a dor dos excluídos.

O ar blasé da modernidade ignora o frágil, o dispensável.
O metal frio das construções com seus vidros espelhados
Reflete o movimento acelerado e insensível da vida urbana.

Enquanto isso, nós explorados, passamos apressados,
Pensando na sorte que temos, de não sermos aqueles
Que dormirão cobrindo-se com as estrelas das noites sem chuvas.  

Agora, será que sabemos a diferença entre eles e nós?
Existe? Ou não existe?  A diferença é Deus!
Mas não é o Deus Cristão! É o Deus da Modernidade!

Deus cínico e blasé!  Mas ele não é mais que nós!
Nós que nos dão na garganta ao ver a criança no sinal!
Afinal, a anestesia é desfeita! E como um bom cínico,
Contamos as moedas para pagar a bala!

Tudo volta à normalidade, sejamos nós pródigos ou avarentos!
Continuamos nós, a cruzar o centro, todo dia...
Esbarrando e tropeçando nas pessoas,
Mas nunca sendo realmente tocadas por elas. 

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