sábado, 8 de abril de 2017

Contratempos

A empatia bateu
Na cara da guria,
Porque dela muita falava,
Mas dela, nada fazia...

Coitado, o Cuidado sumiu...
E todos ficaram perplexos,
Pois ele não foi mais visto,
A não ser no lago de Narciso.

Morreu a reciprocidade,
Ironicamente atropelada
Na via de mão única
Da estrada da vida!

A solidariedade caminhava
Em duas pernas de pau:
Uma chamada retórica
E outra prática.

Acontece que há tempo,
A solidariedade está perneta,
Com a prática amputada,
Agora ela só aparece como retórica. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Aprendizado

Não comprei o carro que queria,
Mas comprei um parecido.
Não moro onde queria,
Mas moro perto de onde quero.

O apartamento também não era esse...
Mas me serve muito bem!
A vida de boa parte das pessoas é assim,
Substituem coisa que querem, pelas que podem ter.

Isso não é um problema, pois são objetos,
Mercadorias, comidas ou coisas...
O problema  é quando se faz isso com pessoas...

Qual o sentindo de estar com alguém,
Quando você queira estar com outra pessoa? 
Esteja com quem quer, ou fique só.

Mas não faça das pessoas, coisas ou objetos.
Não as faça de peças de reposição.
Não custa dinheiro, somente o isolamento.

sábado, 15 de outubro de 2016

Dor

Perdi o meu amor, mas não foi um amor...
Foi o meu amor, aquele da vida!
O que você passa a vida inteira procurando...
Eu achei, mas o perdi... Minha culpa!

Hoje o que resta dele são lembranças.  
As quais aparecem nos lugares simples da vida:
Um ponto de ônibus, um comentário aleatório,
Ou em qualquer outra coisa do cotidiano.

Lá está a presença dela. Isso me machuca,
Entristece-me e por vezes, me faz chorar.
Essa dor lancinante me toma o corpo.

Contudo, tem horas que sinto que posso deixar ir,
Abrir-me ao mundo e seguir em frente...
Caminhar e deixar o caos da vida fluir em mim.

Mas não o faço, porque sou mesquinho...
Não quero perder mais nada dela, o pouco que me resta...
Se abrir mão disso, dessa dor. O que me sobra?
Acho que o sofrimento da tortura é melhor que a paz da ausência. 


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Agosto, o mês que não terminou! Fora Temer!

Primeiramente, Fora Temer! 

A jovem e frágil democracia brasileira sofreu mais um golpe. O processo de impedimento, concluído hoje, marca mais uma triste página da política brasileira, abrindo margem à retirada de mais direitos e conquistas garantidas ao longo dos anos.

Ser contra o impedimento da ex-presidenta Dilma Rousseff, não significava defender seu governo em nenhum âmbito, mas sim, defender o processo de consolidação da frágil democracia brasileira, a qual, dos vinte e cinco presidentes, sendo Dilma a única mulher no cargo, apenas cinco, completaram seus mandatos. Assim, a regra, é a exceção.

O período que antecedeu o processo de impedimento, concluído hoje, ao meu ver, ocorreu um equívoco do conjunto da esquerda (com raras exceções), a qual, não conseguiu se organizar e construir um enfrentamento real ao golpe institucional, por um único motivo: vontade!

As políticas de autoconstrução das organizações da esquerda, não permitiu que propusessem ações concretas para enfrentar o golpe. As palavras de ordem não passaram de mera propaganda na tentativa de crescimento das organizações. Disputando a "coroa" da organização mais revolucionária. 

A afirmação de que não havia a possibilidades de defender o governo do PT e a Dilma, do meu ponto de vista é correta, pois as medidas econômicas neoliberais, a retirada de direitos, as nomeações para ministérios e alianças com o que há de mais sujo na política brasileira foi feita. Concordo que o governo do PT e a Presidenta usou a Força de Segurança Nacional para reprimir as Jornadas de Junho, que se estenderam por: julho, agosto, setembro e outubro. O que não significa que não deveríamos enfrentar e propor saídas para golpe.

Respirei gás lacrimogêneo com tantas outras companheiras e tantos outros companheiros por todos os meses das jornadas de Junho. Ah, também respirei gás lacrimogêneo nos anos que antecederam-nas: na manifestação no sorteio das chaves da Copa do Mundo da FIFA e também quando participei da ocupação ao Ministério das Cidades em Brasília, isso só para citar os enfrentamentos direto com o aparato repressivo do Executivo Federal. últimas.

Assim, com toda tranquilidade, defendi e defendo o “Fora Temer”, não por acreditar que o PT defendeu, nos seus catorze anos de governo, o interesse da classe trabalhadora, mas sim, por compreender, que as garantias constitucionais é uma vitória das trabalhadoras e trabalhadores, as/os quais, muitas e muitos perderam suas vidas, lutando para que fossem institucionalizadas.

A situação para as pessoas mais fragilizadas na pirâmide social irá se agravar nos próximos anos. Enquanto isso, uma parte das direções das organizações da esquerda, que há décadas não exercem uma função laboral, que não seja na superestrutura das burocracias sindicais e partidárias e os ultraradicais “Starbucks”, os quais acreditam que, quando pior melhor, se esforçam para justificar sua apatia frente à situação atual!

O processo iniciado, em junho de 2013, teve mais um desdobramento consumado hoje, mas segue aberto... E o que mais me assusta?  Eu assisti “Ingmar Bergman”!


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

"O tempo das solidariedades automáticas e das oposições sistemáticas não existe mais. Esse conforto acabou."

A notícia do menino sírio, coberto de sangue, nos jornais de hoje, me remeteram ao artigo do Lemond Brasil: “Como escapar da confusão política” (Maio, 2015, p.12/13), o qual descreve as políticas econômicas e suas alianças internacionais, fazendo a afirmação que intitula esse texto.

O conforto das oposições sistemáticas e apoios automáticos se foram. O que significa dizer, que ter uma compreensão do mundo coerente exige um esforço muito maior, devido às relações econômicas e de cooperação complexa estabelecidas internacionalmente.

É claro que para se revolta, entristecer, indignar e solidarizar com Omran, catatônico e coberto de sangue, não precisamos de uma leitura das relações internacionais, ainda bem.  Só precisamos de empatia, o que, diga-se de passagem, nos dias de hoje, é bem difícil também.

Em tempos de olimpíadas, no qual, o espírito olímpico seletivo e o ufanismo rechaçam posturas como a do lutador de judô egípcio que se negou a cumprimentar o “adversário” israelense. Faz-se necessário compreender as relações que acontecem no mundo e entender que o circo olímpico não acontece descolado da realidade das pessoas.


E como infelizmente sabemos, “o senhor da guerra não gosta de crianças”. 


terça-feira, 26 de julho de 2016

Alquimia

As pessoas que choram são mais felizes.
Não porque elas choram de alegria,
E sim, porque elas não mantêm em si
Os sentimentos represados dentro do peito.

Estão-se felizes, elas choram,
Se estiverem tristes, choram,
Sentem dor, choram
Diluem o sentimento em água,
Apesar de continuarem sentindo.
Mas o transforma em fluxo harmonioso.

Mas as pessoas que choram...
Nunca saberão a dor que é não chorar
Não falo da lágrima que escorre do canto do olho...
Falo de chorar! Perder as forças chorando. Soluçar!

Essa dificuldade de chorar não afeta o sentir
Afeta o viver, o peso que carregam as que não choram
É o peso de uma vida, sentindo, sem por para fora.
O peito é uma represa, enchendo cada vez mais.

Se sentir é subjetivo. Chorar é material.
A alquimia está feita, transforma-se:
Alegrias, tristezas e dores em lagrimas.
E água esvai-se pelas comportas da face.

Ah, que inveja! Como eu queria...
Transformar tudo isso em alquimia.
Abrir as comportas e deixar vazar
Até o volume morto do peito.

Assim a vida seria mais leve,
Contudo não choro e o peso...
Cada vez mais insuportável...
Espero que as comportas se abram,
Antes que a represa se rompa e o estrago seja feito!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Notas do autor:

É uma pessoa completamente desastrada,
Esbarra nas pessoas e quebra as coisas.
Mas no fundo ela fica bem feliz com isso,
Pois até esbarra nas coisas, mas não quebra pessoas. 

É o tipo de pessoa que caminha descalça
Entre os cacos dos seus sentimentos
E vez ou outra, machuca o coração, mas não se calça
E limpa as lagrimas nas mangas da desilusão.

É uma pessoa que sonha, mas não um sonho seu
Ela sonha, um sonho libertador, no qual, todos podem:
Comer, dançar, cantar, amar, dormir
E também, ter o direito inalienável de sonhar.

Essa pessoa é uma boba.  Dificilmente guarda rancor!
Consegue se preocupar e querer bem  àquelas pessoas
Que lhe fizeram mal e que lhe desejaram mal.

Essa pessoa tem suas lembranças com páginas de livros
Ao sabor do vento, horas caem em páginas alegres
Em outros momentos em páginas tristes, ao acaso.
Mas para ela, as páginas sempre valem à pena serem relidas.

E por fim, essa pessoa escreve poemas,
Dizendo as coisas que sente e que pensa!
Nesse, por exemplo, diz coisas boas de si...
Até porque, as ruins, as pessoas falam por aí!