Primeiramente, Fora
Temer!
A jovem e frágil
democracia brasileira sofreu mais um golpe. O processo de impedimento,
concluído hoje, marca mais uma triste página da política brasileira, abrindo
margem à retirada de mais direitos e conquistas garantidas ao longo dos anos.
Ser contra o impedimento
da ex-presidenta Dilma Rousseff, não significava defender seu governo em nenhum
âmbito, mas sim, defender o processo de consolidação da frágil democracia
brasileira, a qual, dos vinte e cinco presidentes, sendo Dilma a única mulher
no cargo, apenas cinco, completaram seus mandatos. Assim, a regra, é a exceção.
O período que antecedeu o
processo de impedimento, concluído hoje, ao meu ver, ocorreu um equívoco do
conjunto da esquerda (com raras exceções), a qual, não conseguiu se organizar e
construir um enfrentamento real ao golpe institucional, por um único motivo:
vontade!
As políticas de
autoconstrução das organizações da esquerda, não permitiu que propusessem
ações concretas para enfrentar o golpe. As palavras de ordem não passaram de
mera propaganda na tentativa de crescimento das organizações. Disputando a "coroa" da organização mais revolucionária.
A afirmação de que não
havia a possibilidades de defender o governo do PT e a Dilma, do meu ponto de
vista é correta, pois as medidas econômicas neoliberais, a retirada de
direitos, as nomeações para ministérios e alianças com o que há de mais sujo na
política brasileira foi feita. Concordo que o governo do PT e a Presidenta usou a Força de Segurança Nacional para reprimir as Jornadas de Junho, que se
estenderam por: julho, agosto, setembro e outubro. O que não significa que não
deveríamos enfrentar e propor saídas para golpe.
Respirei gás lacrimogêneo
com tantas outras companheiras e tantos outros companheiros por todos os meses
das jornadas de Junho. Ah, também respirei gás lacrimogêneo nos anos que
antecederam-nas: na manifestação no sorteio das chaves da Copa do Mundo da FIFA
e também quando participei da ocupação ao Ministério das Cidades em Brasília,
isso só para citar os enfrentamentos direto com o aparato repressivo do
Executivo Federal. últimas.
Assim, com toda
tranquilidade, defendi e defendo o “Fora Temer”, não por acreditar que o PT
defendeu, nos seus catorze anos de governo, o interesse da classe trabalhadora,
mas sim, por compreender, que as garantias constitucionais é uma vitória das
trabalhadoras e trabalhadores, as/os quais, muitas e muitos perderam suas
vidas, lutando para que fossem institucionalizadas.
A situação para as pessoas
mais fragilizadas na pirâmide social irá se agravar nos próximos anos. Enquanto
isso, uma parte das direções das organizações da esquerda, que há décadas não
exercem uma função laboral, que não seja na superestrutura das burocracias
sindicais e partidárias e os ultraradicais “Starbucks”, os quais acreditam que,
quando pior melhor, se esforçam para justificar sua apatia frente à situação
atual!
O processo iniciado, em
junho de 2013, teve mais um desdobramento consumado hoje, mas segue aberto... E
o que mais me assusta? Eu assisti “Ingmar
Bergman”!